Para que serve a UNIMA?
Esta é uma questão muitas vezes colocada um pouco por todo o mundo.
Pierre-Alain Rolle, membro do Comitê Executivo da UNIMA, publicou este texto no facebook que consideramos muito interessante. Com a tradução, livre e adaptada do francês, por Ildeberto Gama, aqui a publicamos:
UNIMA, para que é que isso me serve?
Hoje, numa atmosfera geral de competitividade, enquanto a nossa arte é pouco reconhecida aqui na Suíça, os entusiastas da Marioneta lutam para encontrar soluções para as suas preocupações práticas. É legítimo e ninguém poderá recriminá-los.
Quando um colega me dispara ” e para que é que serve a UNIMA? “, uma possível reação minha seria desculpar, entre envergonhado e enfadado, o suposto défice da UNIMA em termos de circulação de informação, capacitação ou valorização profissional, convites para participação em reuniões ou festivais, etc… Mas, às vezes, tenho vontade de retorquir simplesmente: “e tu, de que maneira és útil para a UNIMA? “.
A UNIMA é uma rede, não é um recurso. É um espaço, uma plataforma através da qual nos decidimos se devemos ou não ser ativos.
A minha experiência pessoal começou num congresso na Croácia em 2004. Chegar lá seria “perder uma semana”, era “não ganhar nada” e “chover no molhado”.
Porém, eu nunca me arrependi da minha escolha, antes pelo contrário!
Desde 2008, tenho-me empenhado muito mais, e não me arrependo de todo pelo tempo de voluntariado dedicado à UNIMA. A minha visão do posicionamento da Marioneta no mundo evoluiu significativamente, a UNIMA abriu-me horizontes para outras realidades da marioneta menos conhecidas. É durante os congressos que encontramos esses jornalistas, esses académicos, diretores de teatros, de museus, de festivais, ou marionetistas da China, Índia, Estados Unidos, Japão, da África ocidental, do Canadá ou da Costa Rica … e de toda a Europa.
A UNIMA não é um canivete suíço, muito pelo contrário. A UNIMA não é uma ferramenta, como utensílio não é prático e por vezes atrapalha. A UNIMA tem as qualidades e os defeitos de uma grande família que não se reúne apenas por ‘interesse’. Para quem não se envolva, a UNIMA pode ser incompreensível, complicada, até inútil. Quando alguém se vincula, quando dispensa o seu tempo e o seu know-how, quando compartilha desejos e projetos – às vezes difíceis de realizar- com esta rede global, surgem as riquezas e potencialidades da UNIMA. É difícil tornar visíveis as muitas tarefas que são realizadas através das várias comissões da UNIMA: diretores de festival que desenvolvem para seus colegas no mundo conselhos éticos, agendas, listas de endereços; pesquisadores que organizam simpósios e publicam; formadores que estimulam bolsas de estudo e organizam fóruns; marionetistas solidários que organizam espectáculos e workshops para crianças refugiadas; especialistas em comunicação que traduzem a Enciclopédia Mundial da Arte da Marioneta e a disponibilizam na internet; outros que organizam redes de conexão entre marionetistas à escala continental, organizando eventos e publicações. Tudo isso ressoa em sites chineses, nos campos do Líbano, universidades coreanas, museus espanhóis… por todo o mundo, dando um precioso encorajamento a todos aqueles marionetistas que se sentem isolados.
Este campo de atividade abre-se a todos vós. Não há qualquer necessidade de ser eleito, basta apenas que seja activo. A UNIMA vive porque muitas pessoas em todo o mundo se envolvem, dedicam e defendem os seus ideais. A UNIMA multiplica as energias que lhe são dadas e oferece uma enorme janela aberta para o mundo. Precisamos disso neste pequeno país, um pouco complicado demais, que é o nosso. Aconteça o que acontecer na UNIMA-Suíça, espera-se que muitos de vocês se estejam a mobilizar dentro da UNIMA. Raros suíços estiveram presentes em Tolosa, Espanha, em 2016; ou em Bochum, na Alemanha, em 2018. A próxima oportunidade de participar num Congresso será muito mais distante: em Bali, 2020. Espero sinceramente que muitos de vós venham a empreender a jornada!
Pierre-Alain Rolle, membro do Comitê Executivo da UNIMA